4 de agosto de 2013

Mini Fic - Wendding Bells

O papel branco, levemente envelhecido, dançava, nervosamente, de uma mão para a outra. Nele, estavam escritos, com tinta dourada, dois nomes e várias outras coisas que Joe já podia citar de olhos fechados, de tantas vezes que leu e releu aquele convite.

Desde o dia em que recebeu, entregue pela própria noiva, Joe vem adiando a ideia de que aquilo era real e estava prestes a acontecer. Demi, sua Demi, ia se casar e ele era fraco e covarde demais para impedir que isso acontecesse. Foi assim desde que se conheceram e não mudaria agora.

- Vai ficar ai, mesmo? – Liam, o irmão da noiva e melhor amigo de Joe, perguntou enquanto abotoava as mangas da camisa social branca.
- Pra onde mais eu iria? – Joe respondeu, amargo.

Esse tom não surpreendeu o amigo, pelo contrário, Liam já estava acostumado. Joe estava assim desde o dia em que Demi apresentou o namorado novo, que depois de alguns meses tornou-se noivo e, dentro de algumas horas, tornar-se-ia esposo.

- Hm, deixe-me ver... – Liam pôs a mão no queixo, como quem reflete sobre algo – Ir atrás da garota que você ama, talvez?
- E de que adiantaria? Ela não me ama mais. Esquece... – Joe disse dando de ombros.
- E o que te faz acreditar nisso, bobão? – Miley, namorada de Liam, disse enquanto descia as escadas e caminhava em direção ao namorado. Ela usava um lindo vestido cinza com brilhos que subiam pela calda, longa, e espalhavam-se por todo o vestido, concentrando-se no busto.
- Quem sabe o fato dela estar, nesse exato momento, preparando-se para subir ao altar? E ah! Vejam só... Não é comigo! – Joe disse, mostrando naquele comentário, o quão inconformado estava com a situação.
- Isso tudo porque você é um grande imbecil! – Miley disse e agora ocupava sua atenção em dar o nó na gravata de Liam que riu do comentário da namorada. – Será que você não vê?
Joe olhou para Miley com a expressão de quem pergunta “o quê?” e cruzou os braços esperando a resposta.
- Ela ama você, Joe! – Miley disse e começou a dar passos curtos até o garoto. – Não me pergunte como ela consegue, mas ela ama!
- Então porque diabos ela está se casando com o Wilmer? – Joe perguntou, ainda na mesma pose de antes.
- Ai, mas como você é burro! – Miley disse, e bateu a palma da mão na testa. – Quem foi o primeiro a saber que ela estava namorando?
- Eu. – Joe respondeu dando de ombros.
- E que ela estava noiva? – ela continuou o interrogatório.
- Eu. – Joe continuou respondendo, mesmo sem entender o propósito daquilo.
- E quem foi o ÚNICO a receber o convite do casamento em mãos? – ela perguntou, adotando uma expressão de obviedade.
- Eu. – Joe, ainda não entendia aonde Miley queria chegar.

Ao perceber que Joe não tinha entendido, Miley bufou irritada e aproximou-se mais do garoto a passos largos e rápidos, como se estivesse prestes a atacá-lo.

- Você já parou pra pensar que, no fundo, tudo o que ela mais queria era ouvir que você ainda a amava? E que essa simples frase, poderia ter evitado estarmos aqui, tendo essa conversa enquanto ela se prepara pra casar? – Miley perguntou, deixando Joe sem resposta – Pensa nisso!
- Não adianta mais. – Joe disse antes que o casal passasse pela porta. – É tarde pra qualquer coisa...
- Para de bichisse e age como homem, meu amigo! – Liam disse colocando as mãos na cintura. – Se minha irmã for infeliz pelo resto da vida dela, a culpa será sua!

O dedo indicador voltado para Joe era mais que acusador, era certeiro. Miley estava certa, Liam estava certo. Mas Joe não queria admitir. Sempre existia o ‘se’. E se ela não o amasse mais? E se o destino deles fossem mesmo ficar separados? E se ele estivesse sendo um completo idiota?

Jogou-se, derrotado, no sofá da sala e pôs-se a lembrar de tudo que o fez estar ali. Todos os erros, brigas, desencontros, coisas não resolvidas, orgulho, amor enrustido dentro do peito... É, ele estava sendo um completo idiota.

Seu olhar, como se guiado pelo destino, encontrou com o porta-retratos que ostentava a foto dela, sorrindo, com um vestido branco sentada em um balanço e com os cabelos voando pelo ar. Demi era mais que linda, era perfeita. Perfeita pra ele, que conhecia e amava cada defeito dela.

Como conseguiria viver sem ela? Como conviveria com a culpa de tê-la deixado ir? E se Miley estiver certa e, por todo esse tempo, Demi estava esperando que ele fizesse algo?

Joe pegou novamente o convite que estava jogado ao lado do sofá e virou nas mãos. Examinou atentamente cada detalhe, não sabia bem o por quê, afinal já tinha feito isso tantas vezes, mas antes que ele pudesse pensar, pela enésima vez, como ele estava sendo idiota, encontrou uma espécie de adesivo, na mesma cor do papel, como se tivesse sido colado ali, por algum motivo.

Cuidadosamente, ele retirou o papel colante e, para sua surpresa, ele escondia a caligrafia perfeita que ele conhecia tão bem... Era a letra de Demi. Seu coração pulou dentro do peito e sua vista embaçou momentaneamente, tamanho o nervosismo que o assolou. Com atenção, ele leu as únicas palavras que precisava. Vindas dela tornavam-se quase como uma ordem, pelo menos foi assim que seu corpo e seu cérebro encararam aquele recado.
“Não desista de mim...”.

Simples, porém tão significativo. Serviu como um propulsor, fazendo o corpo de Joe levantar-se do sofá e conferir as horas no relógio em seu pulso. 40 minutos. Daria tempo? E se ele não conseguisse? Fodam-se as perguntas. Estava na hora de ter coragem e fazer o que ele vinha querendo há anos... Era chegada a hora de roubar Demetria pra ele.
Sem pensar em mais nada, Joe saiu em disparada porta a fora, mas ao chagar na garagem a encontrou vazia.

- Merda! – xingou alto ao lembrar que tinha emprestado o carro para Nick, seu irmão mais novo, ir ao casamento com a namorada, Sahmira.

Espera um pouco, como os homens se locomoviam antes de inventarem a roda? Isso mesmo, meu caro: correndo! E foi exatamente isso que Joe fez. A igreja ficava um pouco longe. O percurso de carro durava uns quinze minutos, correndo o garoto não fazia ideia, mas rezava pra que fossem menos de quarenta minutos.

Como um filme, lembranças começaram a passar pela cabeça de Joe enquanto ele tentava, desesperadamente, concertar a maior burrice que já havia cometido em toda a sua vida. O garoto apegou-se a essa memórias, como um meio de encontrar forças, para que suas pernas continuassem a correr.

Seis anos antes...

-Joe! Ei, Joe vem aqui! – Liam, o mais recente amigo de Joe na nova escola, o chamou para que se sentasse à mesa onde já se encontravam mais duas pessoas.

Joe se aproximou, tímido, e sentou-se ao lado de uma das meninas. Fazia pouco tempo que o garoto havia chegado à cidade e era seu segundo dia na escola. Conheceu Liam na aula de Biologia e ele estava sendo bem simpático com Joe.

- Essa é a Miley – Liam começou as apresentações apontando para a garota sentada a frente de Joe e que possuía lindos olhos azuis, cabelos castanhos claros, logos e levemente ondulados. – Ela se recusa a aceitar, mas essa garota ainda será minha namorada. - O comentário de Liam fez Miley revirar os olhos e os demais presentes rirem, inclusive Joe.
- Não liga pra ele, é um idiota! – a garota disse referindo-se a Liam.
- Também te amo! – e por esse comentário, o garoto ganhou um belo tapa no ombro, Liam reclamou, passando a mão no local atingido, mas logo continuou as apresentações. – Essa que está ao seu lado é minha irmã, Demetria.
- Demi! – a garota, que tinha lindos cabelos castanhos e lisos, olhos de um castanho mais escuro que os cabelos e um sorriso encantador, disse, corrigindo o irmão. 
- Como vai Demi? – Joe perguntou e, quando os olhos dela encontraram com os dele, o garoto sentiu seu peito queimar e as mãos suarem. O sorriso dela era desconcertante e Joe, certamente, estava vermelho.
- Bem, obrigada! E você o que está achando da escola? – ela perguntou, simpática e sorridente. Era quase hipnótico o modo como ela falava, quase fazia o garoto babar.
- Adorando! – ele disse, sem perceber como aquilo soaria, mas Liam percebeu.
- Ei, acho que mencionei que ela é minha irmã, certo?! Portanto, sem azaração. – Liam disse com os braços cruzados e cara de bad boy.
- Liam, por favor! – Demi o repreendeu e maneou a cabeça em negação. – Não liga pra ele, é um bobo!

*Fim do Flashback

Joe corria o mais rápido que podia e, ao seu redor, tudo passava como um grande borrão. Em sua mente, apenas o desejo de que houvesse tempo o suficiente. Jamais se perdoaria se não conseguisse chegar a tempo, por isso forçava seus pulmões a respirarem mais rápido e suas pernas a correrem mais depressa.

Pessoas o olhavam com curiosidade e interesse. Afinal, porque um jovem corria tão apressadamente pelas ruas pacatas da cidade? Mal sabiam aqueles transeuntes que estavam presenciando um ser humano, literalmente, correndo atrás do seu futuro, do seu sonho, do seu amor...

Quatro anos antes...

- Como estou? – Joe perguntou, antes que ele fosse conduzido pela garota até a sala de jantar, onde se encontravam os pais e o irmão dela, que, por sorte ou azar, era seu melhor amigo.
- Lindo, como sempre! – Demi respondeu, sorrindo e selando os lábios do garoto delicadamente.
- Estou nervoso, nunca pedi uma garota em namoro na frente dos pais dela... – Joe disse apreensivo, fazendo a menina rir brevemente daquela afirmação.
- Nossa, não sei se me sinto honrada ou amedrontada! – Demi disse e, foi a vez do garoto rir.
- Sinta-se honrada, pois dentro de poucas horas você será, oficialmente, minha namorada. – Joe disse sorrindo orgulhoso e selou os lábios de Demi, que antes, refletiam o mesmo sorriso.
- Ah não! Mal começou e eu já tenho que ver essas cenas? – Liam exclamou fazendo o casal separarem o beijo rindo. – Pelo amor de Deus, Joe... É minha irmã!
- Sou sua irmã, mas estou bem crescidinha tá?! – Demi disse rindo e dando um leve tapa no ombro do irmão.
- Vamos logo, papai e mamãe já estão esperando. – Liam disse e não deixou de dar um tapa na cabeça do amigo quando o mesmo passou por ele. Sem que sua irmã visse, claro!

Durante o jantar tudo correu tranquilamente, conversa jogada fora, assuntos da faculdade e dos amigos. Joe sentia-se incrivelmente confortável naquela família, que ele conhecia bem, pois não havia um dia sequer que não estivesse ali, jogando vídeo game com Liam e, claro, observando Demi.

- Então, Joe... Acredito que não veio jantar aqui tão formalmente se não tivesse um motivo... – Eddie, pai de Demi e Liam, disse enquanto a sobremesa era servida.

Joe engoliu em seco e olhou apreensivo para Demi, que estava sentada a sua frente, e essa apenas lhe lançou um olhar que passava confiança. O garoto, então, respirou fundo e juntou toda a coragem que tinha pra começar a falar.

- Bom, senhor e senhora Lovato, eu nem sei como começar e tenho medo de falar bobagens, então vou tentar ser direto... – ele fez uma pequena pausa e respirou mais uma vez, dessa vez olhando para o amigo que se esforçava para prender o riso. – Eu quero pedir a permissão de vocês para namorar Demetria.

Um instante de silêncio se seguiu ás palavras de Joe. Eddie olhou para Dianna, mãe de Demi e Liam, e depois para os filhos, demorando-se mais em Demi que tinha os olhos fixos em Joe. Dianna, segurou a mão da filha e sorriu.

- Devo dizer que... – Dianna começou a falar. – eu já sabia?
- Acho desnecessário, todos já sabiam... – Eddie disse e sorriu para Joe. – Olha, meu rapaz, fico feliz que seja você a namorar minha Demi, conheço você, seus pais... Sei que é um bom garoto.
- Obrigado, senhor! – Joe disse sem esconder o sorriso de felicidade que era o mesmo que os lábios de Demi ostentavam.

Depois de algumas recomendações e outras zoações da parte de Liam, a noite seguiu tranquila e familiar. Joe e Demi mal cabiam em si, tamanha a felicidade de ambos. Agora eram namorados, não precisavam mais esconder o que sentiam um pelo outro. Só a felicidade os esperava agora.

*Fim do Flashback*

Por mais que quisesse, não conseguia mais. Seus pulmões estavam prestes a explodir e seus pés doíam. Parou de correr e apoiou as mãos nos joelhos, respirando com dificuldade. Sentiu o suor percorrer por todo o seu rosto, braços e costas, ensopando sua blusa. Precisava continuar, nem que fosse caminhando, até recuperar o fôlego e voltar a correr, mas não conseguia.

Com muito esforço, ergueu o tronco, apenas para sentir uma dor lancinante na região das costelas que o fez gemer e curvar o corpo novamente. Quanto mais respirava fundo mais doía, como se algo estivesse perfurando sua carne. Ele não podia desistir, depois de tudo o que viveu ao lado de Demi, não seria uma dor idiota que o faria parar no meio do caminho.

Cambaleando, respirando com dificuldade e com dores pelas pernas e pés, Joe continuou. Dessa vez andando, mas só até conseguir juntar forças e fôlego para voltar a correr.

Dois anos antes...

- Quem é esse cara? – Joe perguntou, referindo-se ao garoto que estava conversando com Demi quando ele chegou para buscá-la na faculdade.
- Um colega de classe. – ela disse despreocupadamente.
- E o que ele queria com você? – ele perguntou, ainda de cara fechada.
- Apenas conversar... – ela disse rindo da pergunta do namorado.
- Duvido que essa seja a única intenção dele... – Joe disse rindo sem humor. – Ele sabe que você tem namorado?
- Joe, todo mundo sabe! Acho que essa argola dourada em meu dedo deve dizer alguma coisa né?! – a garota disse, erguendo a mão direita, onde ostentava, no dedo anelar, uma aliança de compromisso.
- Isso é relativo, tem caras que sentem prazer em destruir relacionamentos... – Joe disse, ainda com cenho franzido.
- Joe, isso é ridículo! – Demi disse, já irritada com a desconfiança do namorado.
- Você é linda, Demi, é bem óbvio que garotos queiram algo com você! – Joe disse, olhando de esguelha para namorada.
- E é bem óbvio que eu diga não! – ela disse, com o tom de voz mais alto.
- E se eles insistirem? – Joe perguntou, inseguro.
- Qual é, Joe?! Não confia em mim? – a garota perguntou, magoada com tanto ciúme desnecessário. – Nós namoramos há tanto tempo, e sempre foi assim... Esse seu ciúme desmedido ainda vai acabar com a gente.
- Começo a achar que é isso que você quer! – ele disse, aumentando o tom de voz.
- Eu não acredito que você disse isso... – Demi, perguntou incrédula. Joe não respondeu. – Eu estou falando com você!

Nada. Ele pareceu ignorar a garota ao seu lado enquanto se concentrava no trânsito a sua frente. Demi se calou também. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo, toda aquela cena de ciúmes de novo! Era um defeito de Joe que a garota simplesmente odiava e que a sufocava de tal modo que tornava a situação insustentável. Apenas o amor que sentia a fazia resistir, mas, de um tempo para cá, nem isso estava ajudando.

- Não dá mais, Joe. – ela disse em tom baixo, quando o carro parou em frente a sua casa.
- O quê? – o garoto perguntou, sem entender.
- Essa situação, esse ciúme... Tudo isso minou nosso relacionamento... – Demi começou a dizer de cabeça baixa e tentando controlar as lágrimas que começavam a se formar em seus olhos.
- Não, Demi... Me desculpa! Eu só tenho medo de perder você... – Ele disse em meio ao desespero por ter ouvido aquelas palavras de sua namorada.
- Só você não percebe que já vinha me perdendo, Joe... Eu não quero mais isso! – Demi ainda estava de cabeça baixa, não conseguiria olhar para ele agora.
- Demi, por favor, não faz isso... – Joe disse com a voz embargada pelo nó que se formou em sua garganta.
- Eu amo você, Joe, mas não dá mais...

E dizendo isso, Demi deixou o veículo, antes que Joe pudesse dizer algo, antes que ela pudesse se arrepender. Joe não conseguia acreditar que aquilo tinha mesmo acontecido, ficou horas parado em frente à casa, chorando e esperando que ela voltasse, mas isso não aconteceu.

Nas semanas seguintes, Joe tentou, em vão, reatar o namoro, mas Demi queria apenas a amizade. Ela amava Joe e queria apenas que ele aprendesse que tanto ciúme não adiantaria em nada e esperava que ele entendesse isso, mas não foi assim que o garoto interpretou as coisas.

Depois de muito tentar ter sua namorada de volta, Joe viu que nada conseguiria, então deixou que a fila andasse, por assim dizer. Não namorou nenhuma outra garota, mas se divertiu com várias, fazendo toda a esperança de Demi virar decepção e as chances de retomar o relacionamento, quase nulas.

*Fim do Flashback*

Com o fôlego recuperado e um pouco mais adaptado a dor, que ainda insistia em incomodar, Joe voltou a correr, mas como diz o ditado ‘Nada é tão ruim que não possa piorar’. Os primeiros pingos não afetaram Joe, porém quando a chuva torrencial fez suas roupas pesarem e sua respiração sair com ainda mais dificuldades, devido o frio, o garoto entendeu que, em algum lugar, alguém o estava fazendo pagar por não ter feito nada antes.

Mas a chuva não o faria desistir, já havia chegado até ali, poderia ir até o fim. Depois de correr mais um pouco, virou uma esquina e parou. Parou pelo choque, pelo susto e pelo medo. Dali de onde estava podia ver a igreja. Demi já estava lá dentro, ele sabia.

Por alguns instantes Joe ficou sem saber se ia em direção à igreja ou se dava meia volta e ia embora. O rapaz, então, fechou os olhos e respirou fundo, não havia corrido da sua casa até ali apenas para perder algumas calorias, iria até o fim!

Caminhou até a igreja e subiu os degraus, respirou fundo, mas antes que alcançasse a porta, foi parado pelos seguranças.

- Onde está o seu convite, senhor? – um dos homes que estava de terno e gravata e era duas vezes o tamanho de Joe, perguntou.

Joe bateu nos bolsos das calças, e depois bateu na testa. Ele havia esquecido o convite.

- Eu preciso falar com a Demi, por favor. – Joe pediu aflito.
- Lamento, mas sem o convite não é permitida a entrada. – o outro segurança disse. – Peço que não insista, senhor.


Alguns meses antes...

Era uma manhã comum de sábado. Ensolarado e quente. Perfeito para passear, tomar um sorvete, caminhar pelas areias da praia... Um dia perfeito para um passeio em família. Mas, para uma pessoa em particular, aquele não era um dia bom. Pelo menos havia começado mal e, pelos pressentimentos de Joe, terminaria pior.

Levantou-se da cama sentindo uma dor de cabeça terrível, consequência do abuso de bebida alcoólica na noite passada. Não se lembrava muito bem do que tinha acontecido e era melhor assim. Certas coisas não precisam ser lembradas, era para isso que servia o porre. Não era?

Depois de uma boa chuveirada fria, sentia-se melhor, porém meio enjoado e com muita sede. Desceu as escadas e foi até a cozinha, abriu a geladeira e tirou dali uma garrafinha de água mineral, bebeu todo o conteúdo da mesma e partiu para a segunda. Ouviu o telefone tocar e caminhou até lá, enquanto abria a terceira garrafa de água.

- Alô. – atendeu e só então percebeu que estava rouco.
- Joe? – a voz no outro lado da linha perguntou. Joe sabia quem era, reconheceria aquela voz até de baixo d’água.
- Sou eu sim, Demi. – ele disse normalmente, querendo mascarar o nervosismo que sentia toda vez que falava ou estava na presença dela.
- Sua voz está estranha... – ela disse, mas parecendo nervosa.
- Acho que exagerei um pouco ontem à noite. Mas... Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou para mudar de assunto.
- Sim, aconteceu... – ela disse meio receosa. – Joe, você é meu melhor amigo, certo?!
- Certo. – respondeu em um sussurro, fechando os olhos. Odiava ouvir isso, mas era melhor que ex-namorado. Parecia ofensivo.
- Quero que seja o primeiro a saber... – ela disse, fazendo o suspense que deixou as pernas de Joe bambas.
- Ah meu Deus! – ele exclamou de repente, devido ao pensamento que lhe ocorreu. – Você está grávida daquele idiota?!
- O quê? Não! – ela apressou-se em responder. – De onde você tirou isso?
- Não sei, você fica aí cheia de suspense, foi o que passou pela minha cabeça. – ele disse dando de ombros, mas verdadeiramente aliviado.
- É importante, Joe, presta atenção tá?! – ela disse e o garoto pode notar nervosismo na voz dela.
- Pode falar... – o garoto disse sentando-se no sofá. Sábia decisão.
- Pode guardar um segredo? – ela começou meio apreensiva. – Eu e Wilmer, bem... Nós vamos casar.

Pior que um soco na boca do estômago, retirando todo o ar que existia nos pulmões de Joe, foi assim que seu corpo recebeu a notícia que acabara de ouvir.

- Joe? Ainda está aí? – Demi chamou apreensiva.
- Estou sim... – o garoto respondeu com a voz fraca e quase não pode ser ouvido.
- Eu sei que parece cedo, mas realmente gosto dele... – ela disse com a voz baixa e a dor no peito de Joe só cresceu.
- Quando vai ser? – perguntou, tentando não entregar-se ao choro que o queria dominar.
- Em Junho. – ela respondeu, apreensiva.

O garoto engoliu e seco. Em Junho? Logo no mês em que eles começaram a namorar? Porque ela estava fazendo isso com ele?

- Hmm... Bom, parabéns. Espero que seja feliz. – ele disse, tentando passar o máximo de veracidade naquela frase.
- Obrigada. – Demi respondeu, parecendo desapontada. – Quando o convite estiver pronto, levo para você.
- Ok. – ele limitou-se a responder.

Despediram-se e desligaram o telefone. Na cabeça de Joe os pensamentos rodavam. Isso não podia estar acontecendo, ela não podia estar planejando um casamento com outra pessoa! Demi o amava, não amava? O que havia acontecido com todo aquele sentimento?
Joe não sabia responder, mas talvez a bebida o ajudasse a encontrar essa resposta ou, ao menos, esquecer esse telefonema. Caminhou lentamente até o bar, onde passaria o resto do dia na companhia de uma garrafa de whisky.

*Fim do Flashback*

Joe desceu as escadas, desolado, sem rumo e sem saber o que fazer. Ele havia fracassado e agora, por sua culpa, perdera Demi para sempre. O cansaço era tão grande que seus pulmões não tinham mais forças para chorar, então Joe ficou com a sensação de engasgo na garganta e o rosto quente. 

Caminhou lentamente pelas calçadas de volta a sua casa. No meio do caminho, avistou um taxi e decidiu pegá-lo e pagar quando chegasse ao se destino. Joe sentia-se terrivelmente triste e vazio, como se nunca mais nada fosse fazer sentido em sua vida.

Finalmente em casa, entrou e pegou a carteira que repousava em cima da mesa de centro, pagou a corrida e voltou, cabisbaixo, para sua residência. Dali há algumas horas, Miley e Liam voltariam felizes e contariam como a cerimônia foi linda, como Demi estava perfeita e como ele foi um idiota.

Jogou todo seu peso no sofá da sala, de modo que afundou no móvel, quase sumindo nele. Não se importou em ligar as luzes, pois não faria diferença pra ele. Era assim que tudo acabaria, afinal?

- Joe?

Por um instante achou que fosse uma alucinação, por um milésimo de segundo pensou que estava vendo uma miragem... Mas não! Era real. Demi estava ali, parada bem na sua frente, vestida de noiva e com um olhar incerto.

-Demi? – perguntou só pra ter certeza. A menina deu dois passos a frente e pôs bem no feixe de luz que vinha da janela. – O que faz aqui?
- Eu... Bem... Não sei. – ela disse, soltando o ar em um suspiro pesado.
- Não sabe? – ele cerrou os olhos.
- Não consegui. – ela começou. – Passei os últimos dias tentando convencer a mim mesma que isso era certo, que esse vestido era certo, que a maquiagem era perfeita que a lingerie que estou usando é certa, mas não é! – a essa altura a garota já estava aos prantos, enquanto Joe observava atônito. – E sabe por quê?

Joe apenas balançou a cabeça em negação.

- Por causa de um detalhe, o noivo era o errado! – Joe engoliu em seco quando ouviu isso, mas nada disse.
- Eu passei o dia me preparando, mas no fundo eu sempre achei que você iria intervir... – ela fez uma pequena pausa pra olhar nos olhos de Joe, que apenas abaixou a cabeça. – E então, quando a limusine estacionou em frente a igreja e eu vi que dali não haveria mais volta, eu não consegui... Simplesmente saí correndo, peguei um taxi e vim parar aqui, mas quando cheguei... Você não estava.
- Eu fui atrás de você. – Joe disse, finalmente.
- Como? – Demi franziu o cenho, sem entender.
- Eu também estava desesperado, mas não sabia se devia estragar tudo... Não sabia até que ponto você amava o Wilmer. – Joe disse e levantou-se pondo-se de frente para ela.
- Eu nunca o amei. – Demi disse, entre lágrimas.
- Então porquê? – Joe quis saber.

Demi deu de ombros, meio que sem resposta e abaixou a cabeça, ainda em lágrimas.

- Talvez tenha sido uma maneira desesperada de te fazer acordar, ou de te esquecer, mas... Acho que não deu muito certo.
- Pode ser que tenha dado. – Joe disse chegando cada vez mais perto. – Hoje eu tive certeza que o amor que sinto por você é capaz de mover céus e terras! Eu nunca imaginei que eu seria capaz de fazer o que fiz hoje, por alguém... Eu corri, literalmente, atrás de você Demi e sabe por quê?

Demi negou com a cabeça, enquanto tentava controlar o choro.

- Porque você é tudo pra mim! – Joe disse e sorriu pra garota a sua frente, que apenas desabou mais ainda em lágrimas. – Sempre foi!
- Porque você demorou tanto? – Demi disse entre soluços.
- Porque sou um grande imbecil. – Joe disse, agora colocando as mãos na cintura de Demi.
- Que droga! – a garota exclamou.
- Que foi? – Joe perguntou, espantado.
- Eu amo esse imbecil!

Joe sorriu lindamente ao ouvir essas palavras e logo foi acompanhado por Demi. Eles colaram as testas e puderam sentir a respiração, um do outro, bem próximas. Os lábios procuram o caminho que tão bem conheciam e que tanto sentiram falta. Em uma sincronia perfeita, os lábios se encaixaram. Primeiro em um selinho demorado, mas logo transformou-se em um beijo repleto de saudades, amor e desejo.

Nesse momento eles entenderam que não precisavam de mais nada, estavam juntos novamente e dessa vez para sempre. Estavam, finalmente, completos.


 "Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?" - Fernando Pessoa.


Fim.


n/a:  Oie! :) Aí está a Mini (mega) fic kkk Bem, tenho algumas considerações sobre ela. A primeira é que foi uma ideia da minha irmã (que eu coloquei na fic como namorada do Nick c:) e eu desenvolvi. Segundo, ela estava escrita há algum tempo, mas só agora consegui finalizar e por último, acho ela fofa *-* Espero que vocês tenham gostado, comentem muito, por favor meu amores! Não esqueçam de comentar no capítulo de I Won't Give Up também, minhas lindas!! Muito obrigada por tudo, conversem comigo e amo muito vocês!! Bjinhos e até próximo post! :*** 


12 comentários:

  1. Diva,que isso arrasou geral !!!
    Que fic mais maravilhosa <3
    Beijos linda :-)

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    1. Obrigada, amore, do fundo do coração! <33 *-*
      Bjuuus! :**

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  2. OMG Sammy :O para de fazer isso kra, para de ser perfeita D: essa fic foi a minha segunda mini fic preferida depois da Sem Ar u-u ela tbm é perfeita *-*

    Posta o capítulo logo u-u e posta mais mini fics pq sao perfeitas kkkk
    Beijos ❤

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    1. jshlashlahs que isso amor... perfeita?? tô longe disso, mas obrigada meu amor! <33
      Também AMO Sem Ar, eu tava inspirada quando escrevi kkk c:

      já postei o capítulo novo, mas mini fics vão demorar um pouquinho... mas virão!:D
      Bjuuus! :***

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  3. Own..
    Eu amei a MiniFic..AHH,,
    Que perfeitaa..
    OMG..
    Eu amo esse poema do Fernando Pessoa..É tão..Lindoo..
    Sei lá..haha
    Beijoos
    E Posta Logo baby u.u
    s2

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    1. Obrigada, meu amor!
      Esse poema do Fernado tem muito a ver com a fic, por isso postei.
      Que bom que gostou! <33
      Bjuuus!! :**

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  4. Gente... chorei fuoçgpisp que linda, sério, meu Deus *-* Tô apaixonada, Sammy! Como você consegue deixar tudo tão perfeito? *o* Postaaaaaa a fic, please ovgfspibvsp e eu amei essa minific, foi fofa demais mesmo, fbrspgbv0sow aaawn <3
    Amo-te
    Beijinhos,
    Brubs <3

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    1. Own, meu bem, obrigada!!! <33
      Postei a fic já, me amor!
      Amo-te!
      Bjuus! :***

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  5. Fernando Pessoa? Gosta de literatura portuguesa? Eu amo esse português.

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    1. Gosto sim! ^^
      Li algumas coisas do Fernando, mas meu autor português preferido é José Saramago, simplesmente AMO! :DD

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  6. EU TO NO CHÃO
    QUE MINI FIC MAIS FOFA
    AWNNNN <333
    EU AMEIIII MERECIA UMA SEGUNDA PARTE
    DEPOIS QUE ELE FICASSEM JUNTOS HEHEHE'
    POSTA LOGOOO GATA
    BEIJINHOS!!!

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    1. Obrigada, minha linda! <33
      Fico feliz que tenha gostado! :DD
      Segunda parte? Hmmm... quem sabe?! heheh
      Bjuus! :***

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Comentem, lindas e façam uma autora feliz! :D