24 de agosto de 2013

Eleven

Joe andava apressado pelos corredores. Estava sentindo raiva de si mesmo e do jeito como tinha tratado sua amiga. Ele nunca imaginou que seria capaz de agir assim com alguém. Demi não merecia isso, ela não tinha culpa de nada.

Depois que a garota saiu do quarto, Mike conversou com Joe e contou que durante o tempo em que ficou sumido, Demi não deixou de se preocupar com ele um instante sequer. Joe ouviu tudo calado, sentindo-se pior ainda. Sem que ele pedisse, Mike disse onde era o dormitório onde Demi estava e era exatamente para onde ele caminhava com tanta pressa.

Ao chegar em frente ao quarto, bateu na porta algumas vezes, mas não obteve resposta. Cogitou a possibilidade de voltar e falar com ela pela manhã, mas não conseguiu. Ele precisava desculpar-se hoje, ou então não conseguiria dormir. Bateu na porta mais uma vez. Nada. Levou a mão até a maçaneta e rodou. A porta estava aberta. Joe hesitou um pouco, mas então resolveu entrar.

Todas as luzes estavam apagadas e Joe não conseguia ver quase nada. Tudo o que era possível enxergar era graças a um feixe de luz fraco que saia da fresta do banheiro. 

-Demi. – Joe chamou baixinho, mas não obteve resposta.

Olhou rapidamente para as camas e viu que nenhuma delas estava ocupada. Então Joe caminhou devagar até o banheiro, bateu na porta três vezes e chamou pela Demi novamente. Mais uma vez não teve resposta alguma.

Joe repetiu os mesmos passos que fizera há pouco com a porta do quarto e, nesse caso, a porta também estava aberta. O garoto abriu-a devagar e ao entrar deparou-se com a cena mais desesperadora que ele pode presenciar.

Demi estava jogada no chão, com os braços cortados e uma pequena poça de sangue tinha sido formada no azulejo branco. A garota estava pálida e imóvel. O primeiro pensamento de Joe foi terrível. Demi havia se matado.

- Demi! Demi, pelo amor de Deus, fala comigo! – Joe disse, já de joelhos e carregando o tronco da amiga em seu colo.

A menina continuava de olhos fechados e com a respiração fraca. Pelo menos havia alguma respiração, por mínima que fosse. Ela não estava morta. Joe levou os olhos até os cortes e tocou de leve, deixando seus dedos um pouco sujos de sangue e de alguma forma sentiu-se culpado por aquilo.

- Demi! – ele chamou mais uma vez.

O desespero fazia seu corpo tremer involuntariamente. Joe não sabia o que fazer, olhou a sua volta em busca de algo que pudesse ajudar, mas antes que ele encontrasse algo, sentiu Demi mexer-se milimetricamente em seu colo.

- Demi, por favor... – Joe chamou baixinho.

Demi abriu os olhos lentamente, tentando focar alguma imagem.

- Joe? – ela disse, forçando a vista para que a imagem se tornasse nítida.
- Sou eu sim. – Joe disse, sorrindo levemente.
- Onde... O que aconteceu? – ela disse, levantando o tronco e pondo-se sentada.
- Eu que pergunto. O que é isso no seu pulso? – Joe perguntou.

Demi com em um impulso, levou as mãos para tampar o ferimento e fechou os olhos. Foi invadida pelo sentimento de vergonha ao ser descoberta e não conseguiu dizer uma palavra.

- Você tentou se matar, Demi? – Joe perguntou com uma expressão incrédula.

Demi levantou-se ainda meio tonta sendo acompanhada por Joe, que esperava uma resposta.

- Não. – ela respondeu simplesmente, de costas para o amigo.
- Então o que é isso? – ele insistiu.
- Porque eu deveria contar? – ela disse, virando-se para Joe. – Você não confiou em mim. Porque eu confiaria em você?
- Demi, isso é sério! – Joe tentou argumentar. – Eu encontrei você desmaiada, com cortes no pulso.
- E eu encontrei você espancado! – ela retrucou.

Joe respirou fundo e sentou-se na tampa da louça do banheiro. Apoiou os cotovelos nos joelhos e a cabeça nas mãos. Enquanto Demi permaneceu no mesmo local.

- Eu estou devendo... A uma pessoa. – Joe começou a dizer, ainda de cabeça baixa, mas, agora, com as mãos cruzadas.
- Devendo? – Demi perguntou, em uma forma de demonstrar interesse.
- É. – ele disse, maneando a cabeça de forma afirmativa.
- Devendo quanto? Pra quem?  - Demi começou a questionar, descruzando os braços.
- É muito dinheiro, mas eu já tô dando um jeito. – Joe disse, levantando os olhos para encarar a amiga, mas por poucos segundos.
- Foi esse cara que mandou bater em você? – ela perguntou de forma preocupada.
- Foi ele sim. E eu fiquei aquele tempo sumido porque eu... Estava com ele, foi aí que eu adquiri a dívida. – ele disse, querendo acabar logo com aquilo.

Demi ficou em silêncio. Não sabia o que fazer nem o que falar. Queria poder ajudar o amigo, mas não tinha muito dinheiro.

- Joe, eu não tenho muito, mas se eu economizar... – ela começou a dizer, mas foi interrompida.
- Não, Demi, por favor! – Joe disse, com uma expressão que Demi não soube interpretar. – Não faz eu me sentir pior. Eu... Vou dar um jeito.

Demi mordeu o lábio inferior em sinal de nervosismo. O silêncio tomou conta do ambiente e então a garota se deu conta que era sua deixa.

- Eu não tentei me matar. – ela escolheu essa explicação para começar a contar sua história. – Sou fraca demais pra isso...

A garota respirou fundo e então sentou-se de frente para Joe, no chão.

- Acho que faço isso justamente porque não tenho forças pra ir além. – ela disse sincera.
- Mas... Porque Demi? Porque se castigar assim? – Joe quis saber.
- Tudo começou, quando eu tomei a decisão errada em uma noite de festa e bebida. Eu não era muito de sair sabe?! Mas um garoto me convidou. O garoto que eu gostava. Peter era o nome dele. – Demi parou e respirou fundo. – Depois de algumas doses ele me chamou pra subir e fomos para o quarto e você deve imaginar o que aconteceu... – ela fez uma pausa e Joe apenas confirmou com a cabeça. – No dia seguinte, ele me humilhou na frente de toda a escola, dizendo coisas horríveis.
- Que coisas? – Joe perguntou cuidadoso.
- Que tinha me usado, pois eu era gorda e nerd demais pra ser desejável. Ele disse que só conseguiu ir pra cama comigo porque estava bêbado. – Demi secou algumas lágrimas que desciam pela sua bochecha. – Eu saí correndo e quando cheguei em casa me senti péssima e então... Não sei por que, senti uma vontade imensa de me castigar e foi aí que tudo começou.
- Você tá me dizendo que se corta porque se acha gorda e feia? – Joe perguntou sem poder acreditar. – Você não pode estar falando sério!
- Eu perdi peso! Muito peso nos últimos dois anos... – ela disse criando forças pra contar o resto.
- Com certeza fazendo aquelas dietas loucas de menina né?! Que besteira, Demi! – Joe estava indignado.
- Eu não como! – ela disse alto e apertando os olhos.
- O quê? – Joe pareceu não acreditar.
- Eu passo dias sem comer e quando como... Vomito tudo! – ela disse, ainda sem encarar o amigo.

Joe pareceu perplexo. Não era possível que Demi passasse por tudo isso era inacreditável que alguém chegasse a tal ponto.

- Não acredito que você faz tudo isso por causa de um garoto! – Joe disse meio agressivo.

Demi levantou-se de impulso e controlou a vontade de gritar.

- Eu sofria bullying! – ela disse alto o suficiente para que deixasse transparecer sua raiva. – Não foi por causa de um garoto, foi por causa de tudo! Ele foi só a gota d’água... Eu era humilhada todo o dia, jogada de canto, não tinha amigos e tudo porque eu era gorda e usava óculos! Ninguém queria chegar perto de mim, pois era vergonhoso. Eu nuca fui convidada a uma festa de pijama, nunca tive grupos de amigas, eu fiquei esse tempo todo sozinha! Você sabe o que é isso? Ficar sozinha e saber que é por causa da sua aparência! Eu era apenas uma adolescente, Joe! E eles... Acabaram com a minha vida!

Demi então caiu em prantos sentindo-se estranhamente mais leve, como se um piano tivesse saído de suas costas. Joe andou rápido até a amiga e a abraçou, fazendo seu corpo balançar juntamente com o dela, devido os soluços. Demi relutou, mas logo abraçou o amigo como se disso dependesse sua vida. E realmente dependia, naquele momento, dependia.

- Desculpa! Por favor, me desculpa! – ele pediu baixinho no ouvido da amiga. – Eu tô aqui com você! Tudo vai ficar bem porque agora eu tô aqui com você!


Demi queria mais que tudo acreditar naquilo, mas alguma coisa dentro dela dizia que tudo ainda podia piorar. Ela resolveu ignorar essa vozinha irritante e apegar-se às palavras do amigo que, naquele instante, era tudo o que ela tinha.




Continua...



n/a: Oi minhas lindas! :) Capítulo tenso hein?! Joe descobriu tudo sobre a Demi, mas ela não sabe de toda a verdade dele... Alguém aí acha que isso vai dar confusão? .-. Pra quem aí tá se roendo de curiosidade pra saber quando as amigas vão saber eu preciso dizer que NEM TODAS vão ficar sabendo... Enfim, por hoje é isso! Muito obrigada pelos comentários e eu AMO vocês mesmo!! Até o próximo post e comentem! Bjuuus! :****


P.S.: Minhas lindas, aqui vai uma dica pra quem gosta de BOAS histórias de vampiros e lobisomens esse aqui é um blog que vocês PRECISAM acessar: Dammed Blood. Eu recomendo DEMAIS e posso dizer com toda a certeza que vocês não irão se arrepender de dar uma passadinha lá. Comentem muito pois a autora, Thalya, merece demais! Ela é uma fofa e escreve SUPER bem! ;)  



RESPOSTAS DO CAPÍTULO ANTERIOR AQUI

11 comentários:

  1. O.m.g finalmente joe descobriu
    a verdade da demi...espero que eles vença isso tudo que estão
    passando, e juntos <3 <3 <3
    Tá perfeito XD
    Posta logoo to super ansiosa e curiosa para saber mais ~to muito viciada na sua fic~
    Tinha que ser diva desse jeito kkkkkkk
    Beijos linda :-)

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    1. finalmente né?! kkk
      obrigada meu amor! :DD
      Vc que é diva! ;)
      bjus, linda! :***

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  2. eu chorei aqui no trecho "eles não queriam ficar perto de mim porque era vergonhoso, porque eu era gorda e usava óculos".
    Sabe? Minha história com bullying é extensa, começou na terceira série quando eu era a nerd gorda da escola que ninguém queria ter como amiga e zoavam porque eu nunca tinha beijado um garoto. Tudo piorou na quinta série quando descobriram que eu tinha piolho e os meus colegas começaram a me tratar como se eu fosse uma aberração, como se tivesse alguma doença e que se ao tocarem em mim eles também pegariam. Da sexta até a oitava série eu me tornei a melhor amiga do menino mais bonito da sala porque nós dois gostávamos de super heróis, quadrinhos e séries de comédia e desenho animado. Mas as garotas invejosas da sala começaram a espalhar pela escola que eu era uma puta sem vergonha que na escola era santa e que na rua dava o...
    No ensino médio eu virei emo, agora só visto preto, maquiagem pesada e escuto MUITO rock. As pessoas pararam de me zoar porque tem medo de mim, mas a questão é que eu nunca vou ser aceita. Até hoje nunca um garoto disse que gostava de mim, que me achava bonita ou coisa do tipo. E eu achava que a culpa era minha, deixava as unhas crescerem e ficarem pontudas pra poder me arranhar, ver o sangue descendo e escorrendo era como um castigo por eu ser tão horrível que as pessoas tivessem nojo de mim. Me trancava no quarto e chorava sozinha, passei anos quase sem comer e perdi muito peso, tinha vergonha de quem eu era e achava que o mundo estaria mil vezes melhor sem mim. E esse sentimento apenas se intensificou quando minha mãe adoeceu e meu pai jogou na minha cara que me odeia duas vezes e disse que estaria melhor sem mim. Eu me vi perdida e sozinha, tentei me matar, mas minha vizinha impediu.
    A questão é que eu tive que lhe dar com o meu pior inimigo várias vezes: a solidão. Mas hoje eu simplesmente não ligo mais!

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    1. acho que essa fic mexe com vc como mexe comigo, escrevo ela como um reflexo por tudo que passei e que ainda passo :x Não comecei com isso por causa de nenhum menino, mas sim pq era deixada de canto só porque não tinha a roupa da moda, era gorda, queridinha da professora e tímida... posso dizer, com certeza, que só fiz amigas durante o ensino médio e isso pq minha melhor amiga tbm sofria bulliyng, por ser magra e alta demais, foi ela que descobriu, primeiro, meus problemas e tentou me ajudar, mas não foi fácil... A pior crise que eu tive e que vou descrever na fic foi bem recente, nos dias que fiquei longe daqui... eu tomei vários remédios e acabei no hospital... eu quase morri! Infelizmente existem pessoas que se sentem bem em fazer vc ficar mal... Que bom que vc não liga mais, eu tento, pelo menos, fingir que não ligo, mas nem sempre é fácil... :/ Minha luta é diária e sei que não estou curada, mas a cada dia que consigo permanecer forte sei que é uma vitória e é por isso que sigo em frente!
      Enfim... bjus, meu amor! :**

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  3. Adorei cada pedacinho desse capitulo
    e vai por mim eu entendo perfeitamente
    como a demi se sentia ai
    A fic ta cada vez mais diva *-*
    VICIADA NIVEL 100000000000000
    POSTA LOGOOO
    Beijos!!!

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    1. own amor, que bom que gostou ;)
      pois é... triste saber como é se sentir assim :((
      ajshflahsfhalhfl
      obrigada, amore!
      bjus! :***

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  4. meu amooooor desculpa não comentar antes, mas eu tava passando bem mal :/ mas tá perfeito demais e cara, você ta partindo o meu coração aos poucos com esses capítulos :( tá lindo, mas triste... ah, o Joe descobriu... espero que agora eles se ajudem e as coisas melhorem! jfvriei awn se você diz que o final vai ser realmente feliz eu vou acreditar, mas nada de me enganar, hein?! hehehehe mil beijocas, linda! Obrigada de novo pelo parabéns *-* te amo! posta logo :)

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    1. oh, meu bem sem problema! espero que vc esteja melhor ;)
      desculpa falar, mas seu coração ainda vai se partir um pouco mais :/ mas no fim ele será "colado" kkk
      acredita, tudo ficará bem! ;)
      e ah, mudei uma coisa na fic e agora eles vão namorar, sem enrolação kk enfim esse spoiller foi demais vou me calar :X kkkk
      bjus, amor!
      amo vc! :***

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  5. uashduhudhauhduhd exatamente: "o pau vai comer"
    mas enfim, os próximos capítulos serão de muita emoção ;)
    bjus linda! :*** adoro vc tbm! <33

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