6 de agosto de 2013

Five

Stanford era enorme. Muito maior do que Demi imaginou e, agora, andando por aqueles corredores ela mal podia acreditar que estava vivendo aquilo, porque tudo parecia um sonho. Somente a garota e seus pais sabiam o tanto de noites perdidas foram necessárias para que ela estivesse ali e, agora, tudo estava valendo à pena.  

Depois de passar por alguns quartos no corredor do prédio onde ficava os dormitórios, a garota finalmente encontrou o quarto onde ela havia sido colocada. Respirou fundo e pensou positivamente antes de abrir a porta. Esperava, realmente, que suas amigas de quarto fossem legais e que a convivência não fosse um problema.

- Oi. – Demi disse, timidamente, para as três garotas que já estavam no quarto.
- Olá! – cumprimentou a primeira, que tinha cabelos curtos e bastante loiros, olhos de um azul profundo, alta e magra. – Eu sou Miley!  
- Eu sou Anna. – disse a outra que tinha cabelos negros em bem curtos, deixando a nuca de fora, olhos castanhos, de estatura mediana e magra.
- E eu Selena. – a última se apresentou, tinha cabelos longos e escuros, assim como seus olhos, alta e magra.
- Sou Demi. – a garota se apresentou enquanto deixava suas coisas na única cama que restou.
- Que nome legal, parece apelido. – Miley comentou.
- Na verdade é apelido, meu nome mesmo é Demetria. –a menina disse meio sem jeito. Não gostava muito do seu nome e por isso sempre se apresentava com o apelido.
- Seu nome é lindo! – foi Selena quem disse, tendo a concordância silenciosa das demais.
- Obrigada... – Demi sentiu o rosto corar.
- Pelo sotaque, é britânica, não é?! – Anna quis saber.
- Na verdade, não... Nasci nos Estados Unidos, mas fui para Inglaterra com meus pais quando tinha 10 anos. – Demi contou, agora sentada a beira da cama, ainda meio deslocada do ambiente.
- Nossa, que máximo! – Miley disse com um sorriso nos lábios. – Deve ser incrível morar na terra da Rainha.
- Nem tanto... – Demi disse meio distraída. 
- Eu sou do Brasil! – Anna disse.
- Uau! – Exclamou Selena.
- Sempre quis conhecer o Brasil. – disse Miley. – Como é lá?
- Bonito. Dependendo da região em que mora, pode sofrer com o frio, com calor ou com ambos... – Anna começou a dizer divertida e Demi percebeu que ela tinha algo que a fazia brilhar, chamar a atenção sem forçar nada. Ela simplesmente era o centro das atenções sem ao menos se esforçar pra isso. Uma ponta de inveja incomodou o âmago de Demi.
- E os meninos? São bonitos? – Selena quis saber.
- Bem, os que eu conhecia até que davam pro gasto, mas tenho certeza que Demi deve ter muito mais a falar sobre esse assunto. – Anna disse jogando um olhar malicioso para Demi.
- Conta pra gente Demi... – Miley encorajou.
-Bem... Eu não tive muitas experiências boas com meninos londrinos... – Demi deu de ombros, fingindo que não se importava com o assunto.
- Ah, para com isso! – Miley disse jogando uma almofada em Demi. – Um monte de meninos loiros dos olhos claros e bochechas rosadas andando de um lado pro outro e você vem com esse papo de “não tive experiências boas”!

O comentário de Miley fez as meninas gargalharem e Demi gelar. Ela odiava que rissem dela, mesmo que indiretamente. Sentiu uma enorme vergonha de estar dentro de seu corpo e tudo o que ela mais queria era sair dali, correndo de preferência.

Não ouviu mais nada da conversa, mas continuou escutando as gargalhadas, como um eco infinito em sua cabeça. Preferia ser surda. Sua pele começou a pinicar, bem onde agora jaziam cicatrizes, fazendo-a se lembrar da única maneira de livrar-se daquela sensação humilhante de não querer viver em seu próprio corpo.

Foi impossível suportar o impulso e então, antes que pudesse se dar conta, suas pernas já corriam para fora do cômodo, deixando para trás três garotas totalmente confusas. Correndo pelas dependências do campus, Demi não fazia ideia de pra onde seus pés a estavam levando, mas isso pouco importava. Ela queria apenas estar sozinha.

Chegou então em uma ala pouco frequentada e essa observação a fez diminuir os passos. Olhava de um lado para o outro em busca de um lugar onde pudesse executar seu vício masoquista, a única maneira de se sentir menos imprestável.

Entrou em um banheiro e verificou se tinha mais alguém. Apoiou-se na pia e olhou seu reflexo no espelho. Mal havia chegado na faculdade e já estava chorando e escondendo-se do resto do mundo como sempre. Isso não era um bom começo.

Como em um movimento automático, puxou as mangas da blusa de algodão para cima, expondo seus pulsos, muito brancos e com cicatrizes de punições anteriores. Mas então a garota se deu conta de que não tinha o que precisava, não tinha sua caixinha de madeira. Logo veio o pânico, a falta de ar e o desespero. Como um viciado que precisa de um entorpecente. Ela não era tão diferente de um drogado, afinal.

Vasculhou por todo o banheiro, cabine por cabine, em busca de algo que a pudesse ajudar no serviço sujo, enquanto o ar continuava a faltar e o pânico aumentar. Não encontrou nada, nem mesmo um pedaço de vidro velho.

A falta de oxigênio fez Demi curvar-se sobre os joelhos e, lentamente, cair no chão. Deitada no piso frio e com suas pupilas dilatadas, Demi perdia a consciência lentamente enquanto o choro vinha e frases a faziam quase perder a sanidade. “Inútil”, “menina gorda e inútil”.

A mão da garota moveu-se sem que ela desse o comando. Desceu por seu ombro, passando por seu braço, antebraço, cintura, quadril e então coxa, onde estavam as cicatrizes mais recentes. Sem pensar duas vezes, Demi cravou as unhas nas feridas ainda mal fechadas, fazendo-as sangrar novamente. A onda de dor invadiu seu corpo, fazendo-a apertar os olhos e mais lágrimas descerem por seu rosto, até tocarem o chão de azulejo branco.

Quando a dor ameaçava sumir, as unhas de Demi voltavam a penetrar fundo na ferida e todo o ritual de reflexos do seu corpo se repetia. Até que vinha a dormência e ela sabia que a seção tinha chegado ao fim, pois não sentia mais nada. Nem dor, nem medo, nem vergonha... Apenas o vazio e a já conhecida vontade de tirar a própria vida. Por sorte (ou por azar) ela nunca teve forças para cometer tal ato.

Demi perdeu a noção de quanto tempo ficou ali, jogada naquele chão frio, sagrando e chorando. Mas quando finalmente teve forças para levantar, limpou a ferida, lavando com detergente e enxugando com papel higiênico. Jogou água no rosto, respirou fundo e abriu porta. Só então se deu conta que o anoitecer se aproximava e que a ala onde estava encontrava-se mal iluminada. Mancando, levemente, a garota tentou achar o caminho de volta, sem sucesso, levando em consideração que mal sabia como havia chegado ali.

Passou por alguns corredores até chegar ao que parecia um refeitório inutilizado, não se lembrava de ter passado por ali, mas antes que desse meia volta e retomasse seu caminho, a garota ouviu um barulho, algo como um gemido vindo desse refeitório abandonado. Demi parou e esperou por um momento, o gemido veio novamente e parecia proveniente de um lugar abafado.

A menina então decidiu ver o que era, afinal eram gemidos que se assemelhavam muito com de humanos, uma pessoa podia estar precisando de ajuda. Só foi preciso alguns passos para que essa suspeita se confirmasse. Deitando em meio ao gramado, rodeado de garrafas vazias e outras coisas que Demi não soube identificar, ela viu um garoto, com roupas sujas e fedendo a álcool.

Demi olhou para os lados, em busca de alguém que pudesse ajuda-la, mas ela estava sozinha e não podia deixar o garoto ali. Caminhou com certa dificuldade pelo gramado alto e chegou até o menino. Deu leves batidas em seu rosto o que pareceu trazê-lo um pouco a consciência.

- Ei, acorde! – Demi disse, em um tom que era um meio termo entre um sussurro e um grito autoritário.
- Hm... – foi a resposta que o garoto lhe deu.
- Deus, o que eu faço? – Demi disse aflita, mas não via outra solução.

Com muita dificuldade ela levantou o tronco do garoto, o pôs sentado encostando sua costa na parede que ficava ali perto e posicionou-se ao seu lado, agachada e pôs os braços dele em volta de seu pescoço. Foram três tentativas falhas até que, finalmente, conseguiu levantar o corpo pesado do desconhecido. Cambaleou tentando sustentar seu peso e o peso do menino em suas pernas, até que avistou alguém que passava por ali.

- Ei, você! Ajude-me aqui, por favor! – Demi gritou, já quase desabando no chão.

O rapaz correu em sua direção e ao chagar perto fez uma cara de descontentamento enquanto balança a cabeça em negação.

- Ai meu Deus, de novo! – o rapaz que acabara de chagar exclamou, já tomando o peso do desconhecido apagado quase todo para si.
- Você o conhece? – Demi não pode deixar de perguntar.
- Sim, é meu amigo de quarto. – o rapaz respondeu.
- Ele tem problemas com bebidas não é?! – Demi perguntou e se sentiu uma completa idiota no mesmo instante. – Ah, desculpe! Acho que não tenho nada a ver com isso...
- Tudo bem, sem problemas. – foi a resposta do rapaz.

Demoraram algum tempo até chegarem aos dormitórios. Demi insistiu que o garoto a deixasse ajudar a cuidar do desconhecido apagado e com muita reluta e um pesado suspiro, ele cedeu.

- Obrigada por se importar. – o rapaz disse. – Acho eu não me apresentei, meu nome é Mike.
- Não precisa agradecer, sei o que é passar por problemas. – a garota respondeu sorrindo, tímida. – Eu sou Demi.

Mike riu da coincidência. A garota que acabara de conhecer tinha o mesmo apelido da amiga de infância de Joe, apesar de o garoto quase sempre se referir à ela como “minha” Demi. Mas era impossível que fosse a “Demi do Joe”, porque a garota tinha um sotaque britânico bem evidente e a “Demi do Joe” era americana. 

Mal sabia Mike que 'coincidências, não existem, pois tudo está escrito.'*  


Continua...


*Muitas pessoas vão pensar: "Nossa, ela tirou essa frase da minissérie Presença de Anita que devassa!", mas, em minha defesa, eu conheci essa frase quando li O Alquimista do Paulo Coelho - que está longe de ser meu autor preferido, muito pelo contrário - onde ele faz referência a frase que citei como Maktub


n/a: Oi amores! <3 Sabe, eu preciso dizer que estou triste :( parece que poucas pessoas gostaram da Mini Fic, recebi poucos comentários e talz... É por causa do tamanho dela? O porque tá ruim mesmo? Enfim... tô bem tristinha com isso... Mas tá aí o capítulo, espero que gostem, comentem por favor, porque só assim saberei se estou no caminho certo. Amo vocês e até a próxima, lindas! Bjus! :** 




COMENTÁRIOS RESPONDIDOS AQUI E DA MINI FIC AQUI


13 comentários:

  1. Demi mal chegou e já se feriu. :(
    O kra é o Joe... nossa... muita coincidência. Louca pra saber o que vai acontecer agora.

    Amooo tuas fics
    Postaaa logo pleaseee

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    1. Pois é... :(
      Espero que sua curiosidade tenha sido saciada hehehehe
      Obrigada, linda! *-*
      Bjus! :**

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  2. a parte da Demi :'( a parte do Joe :'( ai gente que triste, mas e agora? como eles vao se conhecer e saber que eles sao amigos de infância? preciso de um capítulo AGORA kkkkkkk to curiosa

    Hey suas fics sao maravilhosas, não fica assim!
    Beijos e poste logo

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    1. triste né?! :( mas necessária pra fic :x
      bem, acho que o cap. responde tudo... jslAJHS
      Obrigada, amore! <33
      Bjus! :***

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  3. OMG! o.o
    O Joe tem que perguntar depois quem é que o ajudou e ele tem que encontrá-la e lembrar dela já que ela não o reconheceu.
    Estou ansiosa para o "reencontro" deles, já que este não é exatamente um reencontro kkkkkk

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    1. Ta aí o reencontro, amor! :D
      Espero que tenha gostado! ;)
      Bjus! :**

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  4. meu deus sjgnkldg
    quando que a demi vai descobrir que era o joe e vice versa?
    posta logoo o o o o o o o o

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  5. AAAAH cara, eu tô com muito medo do que vai acontecer quando o Joe e a Demi se encontrarem pra valer osbgifuo eu acho que vou morrer! Aaah o Mikey vai falar pro Joe o nome dela? Como ela não descobriu que era ele caraaaa quero saber como vão descobrir feog0gfvoq :O sos, posta logo, por favor *-* e a minific foi perfeita, linda demais, ok?! u.u Postaaaaaaaaaaaaaaaaa
    te amo
    Brubs <3

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    1. não morra! u.u
      kkkkkk
      O Mike nem precisou intervir, tudo aconteceu naturalmente! ;)
      Obrigada, amore! <33
      Postei, meu bem!
      Bjus! :**

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  6. Hey Diva Diva <3
    Que perfeito !!!
    Muito ansiosa para eles perceberem que são amigos da infância...~big mega ansiosa aqui~
    Postaaa loogoo
    Beijos

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    1. Obrigada amor! <3
      Pronto, eles já se reconheceram! hehehe
      Postei, minha linda!
      Bjus! :**

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  7. Own meu amor, isso será necessário no decorrer da fic... desculpa :(
    Ai, minha linda, muuuuuuuuito obrigada! <33
    Também amo a My e a Sel, e sim elas serão amigas, mas a Demi ser mais próxima de uma delas, e aí vc saberá qual a minha amizade preferida :/
    Bem... não sei se terá comédia, mas posso pensar no caso... ;)
    kkkkkkkkk tudo bem, minha linda! ;D
    Bjus! :**

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Comentem, lindas e façam uma autora feliz! :D