"Venha, o amor tem sempre a porta aberta e vem chegando a primavera. Nosso futuro recomeça. Venha, que o que vem é perfeição." - Perfeição, Legião Urbana.
-
Há 18 anos nascia a razão da minha existência. Tão pequena e rosada que não acreditei
ser possível ser feita com um pouco de mim. – risos - Daquele dia em diante
passei a viver apenas por ela e hoje vejo que o esforço não foi em vão. Demetria
é hoje tudo que sempre sonhei que fosse. Parabéns minha filha, pela mulher
linda que és hoje e pelo futuro brilhante que terás pela frete!
O
discurso emocionado do meu pai quase me fez borrar a maquiagem. Ele sabia
exatamente o que dizer em momentos como esses, afinal o senhor Marcos Marcondi
era o maior advogado do estado de São Paulo. Um pai amoroso e preocupado. Sempre
esteve ao meu lado e nunca me negou nada. Se tem uma pessoa nesse mundo que sei
que poderei contar pra sempre, sem dúvidas, é meu pai.
Olhei
para a minha mãe e ela sorriu pra mim. Como ela era perfeita! Linda com seus
olhos verdes e seus cabelos dourados. Elegante e com ar de mulher bem sucedida.
Tudo o que quero ser um dia estava ali, personificado em mulher dentro de um
vestido cor de vinho, salto alto e joias caras. Minha mãe era minha rainha.
-
Minha pequena, quanto orgulho eu sinto por ser sua mãe. Uma grande bailarina,
uma excelente filha e tenho certeza que serás uma esposa sem igual, ouviu
Maurício?! - minha mãe riu da própria piada sendo acompanhada pelos demais
convidados. - Parabéns minha querida e que possamos comemorar muitos outros
aniversários.
A
senhora Débora Marcondi não poderia deixar de falar e fazer suas piadinhas com
meu noivado. Ela parecia, às vezes, mais empolgada que eu.
Depois
de um tempo perdida em pensamentos, percebi que todos me olhavam e me toquei
que era minha deixa para os agradecimentos e os blá blá blás comuns as festas
da alta sociedade.
-
Muito obrigada a todos por estarem aqui, comemorado comigo mais um aniversario.
Obrigada em especial aos meus pais, pois sem eles eu não seria nada do que eu
sou hoje. Obrigada a minha professora, senhora Beatrice Mathews, por toda sua
dedicação comigo desde que eu tinha apenas 5 anos. E, claro, não podia deixar
de agradecer aquele que será meu companheiro para toda uma vida, meu noivo
Maurício, obrigada por sempre estar ao meu lado.
Sai
do palco com aplausos e sorrisos, caminhei até o rapaz mais bonito da festa,
que não por acaso era meu noivo. Maurício Alencar era filho de um poderoso
empresário do país. Crescemos juntos, estudamos na mesma escola e sempre
frequentávamos os mesmos lugares. Não era de se estranhar que um dia
namoraríamos. Esse dia chegou no meu aniversário de 15 anos, quando ele me
pediu em namoro e, agora, aos 18 me pediu em casamento. Óbvio que eu disse sim.
-
Não precisa agradecer por nada, minha princesa. - ele disse assim que me
acerquei puxando para um beijo carinhoso.
A
festa seguiu normalmente até altas horas da noite e eu já não via a hora de
tirar aqueles saltos e deitar em minha cama. Não que eu não gostasse de festas,
mas essa tinha me cansado bastante. Sorrisos e cumprimentos para todos os lados
e sempre havia alguém querendo falar comigo sobre o balé e as apresentações.
Depois
de uma longa conversa com a filha dos Albuquerque, que falava sem parar sobre
como a França era legal e de como ela tinha ficado com vários “gatinhos
franceses” – palavras dela – sentei-me em uma mesa que já estava vazia e
suspirei fundo. Tentando recuperar as energias que já estavam me faltando.
-
Querida... - senhora Mathews disse pousando sua mão suave e fina em meus ombros.
Ela era a personificação da delicadeza. - Preciso ir, tenho que buscar meu
filho no aeroporto, espero que não fique chateada...
-
Ah, claro que não, imagina! - eu exclamei e sorri feliz por ela. Desde que
recebeu a noticia de que seu filho viria morar com ela aqui no Brasil que não
fala em outra coisa. - Mande lembranças ao pequeno Joseph.
-
Pode deixar. - ela respondeu sorrindo e, depois de um abraço apertado, ela saiu
porta afora.
Senhora
Mathews era uma segunda mãe pra mim e Deus sabia o quanto eu a queria bem. Às
vezes me pergunto o que seria de mim se ela não tivesse se separado do marido e
decidido sair de Londres e vir morar aqui no meu país.
-
Vamos pra casa? - Senti os pelos da minha nuca arrepiarem ao sentir a boca de
Maurício próxima demais.
-
Mas e os convidados que ainda não foram embora? - perguntei preocupada.
-
Seus pais se encarregam disso. - ele respondeu com uma piscadela e eu sorri.
Eu
sou a pessoa mais feliz do mundo! Minha vida era mais que perfeita e mais do
que eu sonhei um dia. Meus pais eram maravilhosos comigo, se amavam e tinham um
casamento bem sucedido. Eu era noiva do cara mais desejado de todo o estado, o
melhor partido da alta sociedade. E ainda era a bailarina número um da academia
e já cheguei a receber flores com um cartão cheios de elogios da Ana Botafogo.
Quase morri nesse dia. Eu realmente não poderia reclamar de absolutamente nada!
Dois
dias depois...
O
sábado e o domingo passaram mais rápido que um piscar de olhos e quando menos
esperei o sol, que anunciava a chegada de mais uma segunda-feira, já nascia.
Era chagada a hora de levantar da cama e cumprir todo o ritual matinal comum a
nós, seres humanos.
A
caminho da academia, no meu carro novo que tinha ganhado de aniversário, pensei
em tudo o que tinha para fazer hoje. Depois da aula, teria que ir ao shopping
comprar alguns cosméticos, depois iria até a casa da Angelina, minha melhor
amiga que estava chegando hoje da Califórnia depois de uma temporada lá com os
pais. E depois... Nada. Esse seria o meu dia. Pensar nisso me desanimou um
pouco porque olhando criticamente, além do balé eu não fazia nada de útil.
Entrei
no estacionamento e procurei uma vaga, mas parecia que todas as pessoas haviam
decidido estacionar ali hoje. Só podia ser brincadeira, esse estacionamento
quase nunca lotava! Depois de muito procurar achei uma vaga e, devo confessar
que demorei alguns minutos pra conseguir estacionar. Mas em minha defesa a vaga
era minúscula, ok?!
-
Pensei que precisaria ir ai te ajudar. - ouvi uma voz masculina com certo ar
irônico/debochado na voz e me virei pra ver quem era e, pra minha surpresa, eu
não conhecia.
-
Desculpa, eu conheço você? - perguntei educadamente enquanto abria a porta do
banco de trás e pegava minhas coisas.
-
Não. - ele respondeu dando de ombros e continuou a me olhar com aquele ar risonho
que me incomodou.
-
A vaga era pequena demais. - não sei por que, mas eu me dei ao trabalho de dar
explicações àquele estranho. Apenas pra me arrepender em seguida quando ouvi a
risada dele que parecia sair do seu âmago. Ele chegou a lagrimar! - Posso saber
do que está rindo?
-
A vaga é imensa garota! - ele disse passando as mãos nos olhos e controlado o
riso. - Cabem dois carros iguais ao seu ai!
Eu,
como boa idiota que sou, olhei para onde meu carro estava estacionado e cheguei
a conclusão de que não cabiam dois carros ali. Conclusão essa que qualquer
criança também poderia chegar.
-
Não exagera! - eu disse voltando- me para o estranho. - E da um desconto, eu
acabei de pegar minha habilitação.
Ele
riu e balançou a cabeça em negação. O vi dar dois passos em minha direção e
então um medo repentino tomou conta de mim. Eu não conhecia esse cara nem nunca
o tinha visto por aqui, meu sinal de bom senso me dizia pra sair dali o mais
rápido possível.
-
Desculpa, mas eu estou atrasada. - disse rapidamente, acionei o alarme do carro
e praticamente corri em direção ao prédio, deixando o estranho sem reação.
Meu
noivo que não me escute, mas esse rapaz era extremamente lindo e tinha uma
voz... Com um sotaque incrivelmente sexy e... Eu não devia estar pesando nisso!
-
Desculpa o atraso, senhora Mathews. - disse ao entrar na sala e fui direto para
o aquecimento.
-
Que não se repita. - ela me repreendeu e eu apenas acenei com a cabeça.
Estávamos
ensaiando para uma nova apresentação que aconteceria dali a três semanas. Claro
que eu era a bailarina principal, mas não pense que isso me exime de
responsabilidades, pelo contrário, desde que me tornei a bailarina principal a
cobrança ficou ainda pior. Eu não reclamava, pois o balé era a minha vida. Algo
que eu realmente gostava de fazer e me sentia completa fazendo.
O
ensaio foi mais que intenso e eu sentia cada músculo do meu corpo reclamar,
isso sem mencionar meus pés. Já arrumava minhas coisas quando ouvi a porta
bater e assim que vi quem era senti um calafrio na espinha.
-
Você dança bem. - o estranho do estacionamento disse. Ele estava me seguindo ou
o que? Meu Deus ele era um maníaco, um estuprador! - Sabe, quando a gente
recebe um elogio costumamos agradecer.
-
O que você quer? Como conseguiu entrar aqui? - perguntei sendo um pouco
ríspida.
-
Calma... - ele disse rindo um pouco. - eu sou...
-
Filho! - a senhora Mathews entrou na sala e abraçou o garoto que retribuiu o
abraço de uma maneira doce que não combinava com a jaqueta de couro preta que
ele usava. - Estava procurado por você!
-
Eu estava conhecendo sua academia e ela é linda, mãe! - ele disse depositando
um beijo na testa da senhora.
-
Ah, você já conheceu a Demetria? - ela disse apontando pra mim.
-
Não devidamente. - ele sorriu e deu dois passos em minha direção. - Sou Joseph.
O
sorriso dele me desconcertou um pouco. Aquele era o pequeno Joseph?
-
Prazer em conhecê-lo. - eu disse estendendo a mão para cumprimenta-lo.
-
A Demetria é nossa bailarina número um. – minha professora disse e vi o sorriso
dela aumentar um pouco mais. Gostava de saber que as pessoas sentiam orgulho de
mim, ainda mais quando eram pessoas que eu amava. Beatrice era uma dessas
pessoas.
-
Você deve ser boa no balé como não é de volante. - o mesmo ar debochado de
antes acompanhando de um sorriso de canto.
-
Devo ser... – disse simplesmente enquanto soltava a mão dele e voltava a
guardar minhas coisas.
-
Demetria querida, você pode chegar mais cedo amanhã? – minha professora pediu.
– Preciso repassar alguns passos com você que ainda não estão perfeitos.
-
Claro. – respondi com um sorrisinho amarelo.
Odiava
não ser perfeita. E quando se tratava do balé eu não admitia ser menos que
perfeita.
Enquanto
caminhávamos para fora da academia decidi que assim que chegasse em casa
repassaria toda a coreografia e, quando chegasse pro ensaio, Beatrice não veria
mais erros. Afinal, eu tinha que ser a melhor!
Continua...
n/a: Olá amores! :) Nova fic começando e eu já estou LOUCA pra saber as primeiras impressões de vocês! u.u Devo confessar que não gosto muito do primeiro capítulo, mas eu JURO que melhora tá ~ou não :x Mas enfim... Bom, sim, ela se passa no Brasil, porque a ideia original dela não era Jemi, porém acho que dá pra ler mesmo assim né?! Usem a imaginação \o/ hahaha Ai, lindas, espero que vocês gostem! Vou me calar, mas saibam que eu estou roendo todas as minhas unhas esperando os comentários de vocês! POR FAVOR falem comigo tá?! Até o capítulo 2! Beijooooos! :****